Serra silenciosa

A Serra era uma vigia silenciosa no transpassar do tempo, cordas
corroídas do violão que ainda não sei tocar, corpos colados na
  intersecçãosútil de dois transformando-se em um...
Uma bela cachoeira ainda não pude te dar...mas dei sim, um sorriso
sincero no olhar...minha vida pra você entrar...

Quero você...muito mais que um delírio nas tardes  gostosas lá no
sítio, sua pele macia, sua boca um doce gomo...Deitava-me embaixo da
mais alta árvore copada, tirava minhas armaduras e entregava-me a
sutileza da terra úmida sob meu corpo quente. Era mesmo você que eu
queria, assim mesmo, do seu jeito, com a ternura no canto dos olhos,
com a poesia embriagando meus sentidos, um lírio silvestre, o infinito
na palma da mão...E eram lindas as luzes que transpassavam as janelas
daquela tarde perdida no tempo, e eram muitas as lembranças que
traziam sua alma para meu encanto, e era em tamanha loucura que eu
gritava seu nome, e fazia ecoar na imensidão do mundo, muito além das
porteiras do sítio, bem perto dos seus ouvidos...Satiiiiiiii!
Satiiiiiiii! Como pode ser a vida sem a delícia do seu sorriso?
Satiiiiii! Satiiiii! Como pode a distancia deixar-me inerte, com o
coração apaixonado? E a tarde corria de mãos dadas com o tempo,
serpenteando o riacho límpido atrás de casa...Eram os pássaros que
traziam-me de volta, a suspirar os meus delírios e a perder-me em todo
seu encanto.

Cada momento ao teu lado é um sorriso a mais na vida..

Diego

Pra vc sorrir


"Estou aqui mergulhado em pensamentos bons enquanto a garoa começa a
cair lá fora. A chuva ácida lava os telhados e leva consigo vestígios
dessa cidade que não para. Meus olhos aos poucos vão perdendo a
nitidez, vai ficando tudo embaçado. Mudam-se os sentidos;
transforma-se o tato. Pedaço a pedaço vou te reconstruíndo, te
imaginando, no delírio do espaço-tempo em que não tenho você ao meu
lado. Tuas doces palavras, teu corpo quente. A saudade não se cala, e
nossos momentos eternizados ainda foram poucos para suprir os dias
distantes, o amor longe... Agora junto, agora perto. Te quero presente
nos meus passos dados, nossos lábios colados...mais perto da essência
o sentido respira consumido no perfume que vem.
 Vem meu amor, de braços dados, de coração aberto...quero te fazer sorrir!!!!"


Diego

Um Yogue falando sobre a arte


Este belo texto do Professor Hermógenes, um grande sábio do yoga,  revela algo que eu sentia mas nunca consegui expressar, nem em pensamentos.


Mergulho na paz 
Hermógenes




"Um diagnóstico seguro é o melhor iní­cio do tratamento. Quando o médico chega, a saber, o de que o paciente está sofrendo, só então está em condições de agir terapeuticamente. Em resumo: primeiro o diagnóstico; depois os remédios.
Até mesmo o homem das ruas já diz, com razão: o mundo está doente!Só mesmo um otimista doido pode dizer que este é um mundo civilizado, livre, sadio, justo, honesto, tranqüilo, equilibrado, perfeito…
O diagnóstico está feito.Agora só falta o tratamento.

São tantos a diagnosticar que a segunda parte – o tratamento – está sendo esquecida.
A cada dia mais um diagnosticador se manifesta contra a hipocrisia da moral, contra a imoralidade da violência, da fome… contra a imoralidade de restringir a imoralidade. A cada dia, nos jornais, nas revistas, no rádio, na televisão, em todos os canais de comunicação, surgem novas formas de acusar os outros e de protestar. Nos teatros e cinemas, roteiristas, produtores, diretores, atores, exibidores, finalmente a maioria dos industriais da arte (???!!!), com a maior audácia, regurgitam críticas sobre o que o homem faz contra o mundo e o mundo contra o homem. Os palcos estão empenhados em dizer às multidões sadomasoquistas o quanto e como o homem é sórdido. E o fazem exibindo, escandalosamente, a própria sordidez. As telas e os ví­deos, os shows, os happeningsdisputam a atenção das platéias mórbidas, desejosas de ver cruamente sua própria morbidez. O romance, a pintura, a própria música, em expressão erótica e expansão caótica, atiram, às faces de todos, protestos, agressões, contestações… E, na generalidade, os homens pagam para ver essa deprimente autodiagnose. Todos esses bem pagos gênios do escândalo se esmeram em acentuar as sombras. Carregam nas cores do trágico. Avolumam os gritos da degradação. Abusam em ferir, em desmascarar, em agredir, em desmoralizar ainda mais.

Não é arte. Isso não é arte. É indústria usando máscara, a máscara da arte.

A máscara serve para reclamar a liberdade que a arte reclama e merece.Não haverá em cada “diagnosticador” um hipócrita?

Arrogantes, apenas apresentam aquilo que chamam de “a realidade humana”. Apenas impingem e agridem com um diagnóstico altamente suspeito. Não sentem – é claro – qualquer compromisso com o tratamento. Não trazem, nem desejam, qualquer esperança de solução. Não têm – e orgulhosamente o declaram – qualquer intenção de remediar o mal que denunciam. É lógico que assim procedam. Se seu negócio é vender carniça, sua ruí­na seria a pureza, a melhora, o progresso espiritual das multidões que deixassem de gostar da mercadoria. Sem caridade, atrozmente, cinicamente, declaram que só lhes interessa revolver o lamaçal. Faturam com a violência. Vendem escândalo.

Chega de tanto diagnóstico, isto é, de autodiagnóstico. Autodiagnóstico, sim, pois, segundo o filósofo, “quando João fala de Paulo, fico sabendo mais de João do que de Paulo”.

Chega de chamar de arte esse negócio de denúncia, que em realidade é um aliciamento dos incautos para aquilo que é objeto da denúncia.

Chega da hipocrisia de denunciar a hipocrisia.

É muito simples localizar um monturo. Basta seguir a mosca em seu vôo. Interessa-nos seguir o vôo da abelha em busca de pureza, luz, cores, trabalho, perfume, doçura
O que é mais fácil já está sendo eficazmente feito: demolir.

É preciso que apareçam alguns a revelar o lado divino do homem, mostrando uma esperança, apontando para uma luz, falando de uma solução, tentando mostrar que inferioridade e angústia são desafios necessários para uma realização evolutiva.
Mas como isso está parecendo difí­cil!

Que esperança posso ter de que minhas canções sejam ouvidas, se os decibéis da guerra e das guitarras já ensurdecem o mundo?
Que esperança posso ter de vender algum mel de minha colheita, se o vinho da sordidez agrada e alicia muito mais?
Que futuro pode ter aquele que oferece perfumes de singelas flores campestres a quem já está enlouquecido em fuga alucinógena?
Que esperar se não sei agradar com o agredir, que às multidões agrada?
Que resultado terá meu discurso se não fala do que as massas embrutecidas desejam escutar?

Apesar de tudo, não desisto.

Nisso, imitarei o Criador.
Ele é mesmo um otimista incorrigí­vel.
Ainda esperando que os homens o descubram, todas as noites, pontual e infatigavelmente, acende o imenso lampadário do céu.
Mas, Ele deve ter razão.

Sempre haverá um poeta distante, um mí­stico errante, um esteta enamorado olhando o céu, gozando o esplendor, fascinado pelas estrelas.

Vou fazer como Ele.

Continuarei cantando, falando, chamando, mesmo que o faça por fazer. Mas… sempre vou esperar que alguém me escute, me entenda, e venha comigo na estrada do Espí­rito, que é para todos nós.

Venha irmão, para um mergulho na Paz. "


Hermógenes Mergulho na Paz. Ed. Nova Era




Exílio



 Tava me preparando a dormir. O dia inteiro senti que queria escrever aqui... certa indulgência não me animava.




Tentei sem sentir forçado, passar o primeiro dia sem contato.

10 anos se passaram.

Guardo ainda um poema doído que naquele tempo me deixou... e sua rosa em papel sentido.
Eu guardo, não procurei mais, mas eu guardo.

Perdão.
Não amei,
e não contei.


Primeiro dia em que não nos falamos...um teste,
vai ser assim... distante em tato e voz,
a intimidade dentro de nós.

Recordo
Pé em gelo, sua mão firmava o cuidado, lábios no ombro, o toque do nariz perto da orelha.
um mesmo respirar
momentos
Intimidades mais íntimas que sexo.

Perdão
Amei
e não contei.




Sai ti saí





Tento inútil assimilar sentimentos que arrepiam solitários na pele,
todos os instantes passados ou não, compõe-me o presente.

O corpo, sem perguntar, sente e revive o que achou-se superado.
Nunca sabemos quais realmente foram as marcas que fincaram os momentos,
sem ciência de como, ou o que fazemos e deixamos 
irá compor cada célula de quem se é.
Nunca sabemos até onde, sendo conhecido ou não, nos afetará...

Um livro, uma vista, um sopro vindo de não sei onde...
E a angustia latejante de estômagos e pernas
não sabe-se de onde, como, pra onde...

Mas nada disso pode ser escoados em palavras,
Sentimentos não existem em palavras.

Os sábios sabem, e como sabem. Por isso se mantêm calados...

Eu nada sei e anseio,
por isso parece doer,
dói de boca em boca,
de estomago em pêlo,
de mãos desconhecidas a atos perdidos,
estiveram em mim estarão...

Nada posso dizer, deveria me calar
o sábio não ensina, vivência... 




Imagem: André Arment



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