CORPOS






A porta fora batida com força, junto do estrondo que adentrava o ambiente uma explosão de emoção que nem se sabia o que era. Como sentir algo que fora inventado? Como questionar algo que não existe?


Batidas na porta. Uma entrada displicente de quem não espera a resposta.
Braços são puxados, tocados, algumas palavras são ditas repetidas e corpos são amolecidos.
Nada era acreditado, não havia como acreditar nem quem ouvia nem quem dizia. Somente a cama acostumada àqueles suores entendia que por ser mais fácil, a razão era vencida.
Como re-escrever estes acontecimentos sempre escritos, e como banalizar estes constantes acontecidos?
E o casal bíblico que nada sabiam que tudo queriam... Sem passados emparaísados na realidade que lhes fora dada. Eram os únicos e estavam lá. Enfim entenderam a genesia e... geraram os corpos.

Corpos que procuram corpos, corpos que se buscam e se unem, se unem e se dividem, se multiplicam se separam, se multiplicam de novo, se separam antes de se multiplicar, se impedem de se multiplicar, se separam pois se multiplicaram, corpos sempre corpos...Seres que se perpetuam em duplas como seres unos, como coisas corpos em necessidades.

Aah! Estes que agora mais do que nunca cultuados, cultivados, explorados regados às necessidades corpóreas, necessidades para conseguir mais contatos com outros corpos, com status, com barrigas, com dinheiros, com bundas brancas queimadas peludas celulitadas.




As palavras são acreditadas, os movimentos são esperados, ensaiados, e o suor da tarefa realizada vem como suspiro do esforço e satisfação, mas a avidez e gana de consumir ocorrem muitas vezes antes deste suspiro. E ai, mais uma vez está perdido o sentido do suspiro.

foto: 1- Francesca Woodman
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