Depressão

Deixar-se afundar na depressão é como uma forma de suicídio para os menos corajosos.
É uma pena que se impõe. O carrasco de si mesmo que declara a prisão perpetua de uma vida que definha aos poucos entre as barras da tristeza.




Vídeo interessante sobre o assunto .



Nós nós



Ficamos perdidos atados em nós,
puxamos fiozinhos que se enrolam e se enforcam, 
não quero nós, quero pontos bem tecidos na trama da vida.



onde estão os contos?


Achei isso nos rascunhos, nem sei de quando foi... E nem pq estava nos rascunhos, mas...



Fui impelida a começar esse escrito, por mim mesma, ou por algo ou alguém dentro de mim. Eu falo dessa forma mas eu sei bem o que é.  Ou não sei, as vezes apenas acho que sei.
É exatamente essa confusão dual que me faz escrever aqui agora.

O que eu teria pra escrever? Ficava me perguntando em quanto essa força e essa vontade fazia com que eu sentasse e escrevesse. Quem me conhece sabe que eu sempre gostei de brincar com as palavras e narrar acontecimentos com uma boa pitada de comicidade, mas tudo totalmente despretensioso. E de alguns tempos pra cá nenhum conto mais me veio a mente.
Fiquei culpando a meditação.  
Pensava a meditação acabou com a minha criatividade, antes eu ficava caminhando por ai observando fatos, e bolando historias mirabolantes na cabeça, que nem sempre eram escritas. Agora estou sempre cantando mantras, ou  agradecendo a Deus pela minha existência.
Então comecei a me dar conta que as 300 mil vozes que ficavam o tempo inteiro discutindo na minha cabeça sumiram, e logo lembrei que eu escrevia porque precisava mesmo dar um jeito de calar algumas dessas vozes.
Meus pensamentos estavam sempre loucos e agitados, imaginando diálogos e situações com pessoas. Criava uma situação hipotética, um acontecimento e até chagava a ficar com raiva desse acontecimento, e no fim era só a minha imaginação. Também imaginava mortes, como seria se minha mãe morresse, tal pessoa e a minha própria morte. E as vezes até chegava a chorar.
Por que eu fazia isso? E mais, como eu conseguia viver com isso?
A primeira explicação que me vem é porque eu não tinha coragem, e nem sabia viver o presente.

Sim, a mente assim em turbilhão de impede de viver o presente, e viver o presente é simplesmente estar atento ao agora. 

Os pensamentos mirabolantes da cabeça, lembranças de fatos passados, e mil planos descabidos e ansiosos pro futuro, fazem a sua mente entrar em turbilhões e te tiram do aqui e do agora.

Desculpem se este blog esta parado, mas acho que é porque eu devo estar vivendo o presente.

Fogo no Cerrado


Somente  cerca de 10 dias depois do ocorrido que consegui chegar em minha casinha e sentar para escrever, mas durante todo esse tempo fiquei com esse dia na minha cabeça, um dia que foi uma viagem de ensinamentos.

Acordei olhei pro lado o Diego já não estava mais lá, desci pela parede de nosso quarto de pedras e barro com um sensação estranha, "saiu com a Toiota", reparo que o João continua dormindo tranquilamente.

Vou caminhando pelo sitio Karroças na Chapada dos Veadeiros  lembrando de nossa chegada na noite anterior, fogo pelo caminho todo... Logo chega o Diego um tanto quanto desesperado :  "Sá ta queimando tudo Sá, ta chegando".  Meu coração acelera e no mesmo instante começo a ouvir aquele barulho se aproximando, imagine o som de uma fogueira e multiplique muitas vezes esse som, era ele que vinha cada vez  mais próximo com as fuligens que caiam em nossas cabeças.

"Vamos, vamos, logo" eu digo me desesperando. Não há muito a ser feito, não existem bombeiros na região, fazia tempo que queríamos tornar o sitio uma base do Prevfogo, mas nesse momento nem abafadores de pneu tínhamos, eles tinham se quebrado no último incêndio. "Imprudência".

 O fogo não pode chegar no sitio, todas as plantações a agrofloresta, há 5 anos que eles conseguem impedir que o fogo chegue no sitio, coincidentemente esse era o dia de aniversário de 5 anos do sitio Karroças.

O Diego acorda o João, e eu vou me equipar, tênis, calça e chapéu é tudo que tenho, o João ainda tenta começar a fazer uma tapioca, mas não há tempo, o som do fogo parece ensurdecedor nesse momento, encho um galão de água. "Vamos !".



Já da pra ver o fogo, ele ta com força, grande, uma linha chegando, não deixa de ser uma imagem bonita. Não temos nada, paramos e cortamos as folhas de uma palmeira nosso instrumento. Jogo água no meu tênis. "A tatica é essa, não deixar o fogo atravessar a estrada."
" Se atravessar fudeu".

Corremos cada um pra um lado, não da pra saber nem por onde começar, começo a rezar pra tudo que posso. "Vou movimentar o meu fogo, o meu fogo interno, fogo contra fogo é assim que vencerei". Fico repetindo, buscando essa força, essa energia tentando assim me conectar com esse fogo e criar uma compreensão do que ele é.

Começo a bater no fogo, muita fumaça que cegava, intoxicava, um calor quase insuportável, deviam ser quase 9 da manhã e o calor do fogo se misturava com o calor do cerrado, muito mais difícil apagar o fogo de dia. Parece que nada que eu faço adianta, queria ajuda, mas não tinha ninguém, só o Carcará que rondava a minha cabeça se aproveitando da situação a espera de alguma presa fugindo do fogo.

E o fogo ia consumindo tudo, matando tudo, os matos, as flores coloridas do cerrado, as casas dos animais, queimando as árvores, revelando as tocas, os ninhos, as cobras...   

Me surpreendi ao  conseguir apagar um pedaço que estava quase pulando a estrada, mas não tem muito tempo para comemorar tem muito fogo pra todo lado.
A garganta ta seca, os olhos lacrimejam choro e ardor, me sinto zonza, lembro que não tinha nem tomado café. "Mas a janta de ontem foi boa, bem reforçada" não há tempo pra lamentações, só o descer e o levantar dos braços em ritmo frenético, mais rápido que o fogo, que a brasa.
Tinha passado 15 dias remando antes disso, parecia que tudo tinha sido um treino, um preparo para estar naquele momento.

"Pelas cobras, pelos lagartos, as curicacas, o tamanduá bandeira !!"

Quando eu sentia que estava conseguindo controlar alguma coisa o vento mudava de direção e o fogo vinha pra cima de mim. "Meu Deus, Mãe Divina, Ganesha, Shiva". Vou evocando todo mundo e começo a pensar por que os Deuses que adoro são todos Indianos, tento pensar em algum Deus Brasileiro, mas logo percebo que nada disso existe, Deus é tão universal quanto esse fogo.

Meu estomago começa a doer, arder, sinto estar queimando por dentro. Movimentei tanto o fogo dentro de mim que agora esse fogo também me consumia. " Evocar a sutiliza do fogo é algo muito mais complexo do que ascender o fósforo". Penso sobre esse aspecto destruidor e transformador do fogo. "Parece que nada sei sobre a minha força".

 O João vem em minha direção as folhas dele tinham queimado, percebo que essa é uma hora boa para  lidar com o meu fogo, dou a minha pra ele e vou caminhando pra buscar mais, aproveitando pra respirar, pra equilibrar, ar e água "Não é o fogo contra fogo, é encontrar a sutileza desse equilíbrio".

Volto  com um novo animo, o Diego informa que o João tinha sido picado por uma abelha e ele é alérgico. Não há tempo de ver como ele esta, somos dois agora.

E por aqueles lugares que eu sempre andei com tanta cautela e até um certo receio, agora eu corria, pisando no meio do mato e escorregando nos barrancos, nada disso parecia importar. "Pela jaguatirica, pelas araras, tatu, anta, o lobo ahhh pelo lobo!!"

Penso que devem ser quase 11 horas, horário que ia ter o encontro das mulheres guerreiras na aldeia multiétnica, que eu queria tanto participar. Me conecto com a força dessas mulheres e nem sinto mais os meu braços, e o ardor. O fogo meche com a gente de uma forma é um transe, nada mais me incomodava, nada mais eu pensava.

O João voltou, tomou o remédio.  Conseguimos isolar bem o fogo, não tem mais tanto risco de pular pro outro lado, a meta agora era outra, proteger a grotinha, uma vereda cheia de buritis
Lembro do seu Jão falando "aquela grotinha que nunca seca, esta seca já em julho". A seca esta brava. As plantas são fixadoras de água mas são tantas as queimadas ... E o cerrado é onde se localiza a maioria das bacias hidrográficas do país.

"Mãe, minha Mãe Divina, por favor não deixa  o fogo chegar na nascente em cima do morro, a nascente onde cresce aqueles juçaras que sempre namoramos esperando seu fruto roxo, ali onde observamos o casal de araras fazendo ninho no tronco do buriti seco."

 Ahh quero chorar de raiva! "Filha da Puta" grita o Diego e logo ele completa "Não o fogo, o fogo é amigo".  "Filha da puta o Lorival que bota fogo todo ano pro seu gado", "Não, nem ele eu posso xingar". "As pessoas que comem carne também financiam tudo isso."  As pessoas mais pobres tem gado mas não tem terras pro gado, então eles criam o gado solto e colocam fogo pra todo lado pra tudo virar pasto.
Parece metáfora barata, mas ficava muito claro que com o ódio o fogo aumentava.
 "Pela cotia, pelos veados, o macaco prego, o urubu rei!"

Controlamos aquele lado, ufa uma vitória, um respirar aliviado.  Entramos no carro, a Toiota que nos levava para passear cachoeiras e morros agora era nosso caminhão de combate.

Chegamos em uma parte montanhosa cheia de pedras, muito mais difícil andar lá e se equilibrar, mas é onde o fogo e esta mais fraco e temos que  aproveitar. Sinto a sola do meu tênis mole mas continuo... "abuelitas  indestrutíveis ".

Meu corpo já esta  bem fraco, aquela adrenalina inicial já não estava fazendo tanto efeito. Não dormi direito na noite anterior, tinha visto um rato e fiquei a noite inteira com medo que ele subisse em minha cama. Nesse momento, entre o fogo e as pedras, compreendi muito internamente em como sou tola com meus ínfimos traumas, senti vontade de rir como se me observasse de longe. Relembro por quantos fogos eu já passei e me sinto plena ao perceber que ele passa.

Já passavam das 14 horas. O fogo, pelo menos, naqueles lados estava controlado, olhávamos aquele rastro de destruição a mata, as plantas, as copaíbas,  jatobás, lobeiras e os cajuís que estavam floridos, e aguardávamos dia a dia o seus cajus, tudo queimado.

Mas sabíamos também que o cerrado tem uma capacidade regenerativa incrível. Abracei uma árvore que estava toda queimada com a expectativa de me conectar com ela, e ela me repetiu o que uma outra árvore próxima dali já havia me dito:

 " A crueldade, o sofrimento é tudo coisa do ser humano, na natureza não existe isso".




Sati Sukalpa

O diário de minha mãe



Novo blog

http://odiariodeminhamae.blogspot.com.br/


Minha mãe esta lá na Índia, vivendo uma aventura incrível.
Ela esta fazendo um diário de sua jornada pra dentro de si.
Minha mãe é uma buscadora, devota de Paramahansa Yogananda, um exemplo de dedicação e Bhakiti.
Há muitos anos estuda e pratica os ensinamentos mais profundos do yoga.

E os seus escritos diários revelam isso, esta incrível e emocionante jornada, e contém ensinamentos tão profundos sensíveis e belos, é um exemplo pra tods nós, que nos perguntamos constantemente como viver ensinamentos tão milenares no nosso dia dia.

Vai ver lá
aproveite

http://odiariodeminhamae.blogspot.com.br/

Agradeço a Deus pelo presente que recebi!!

Serra silenciosa

A Serra era uma vigia silenciosa no transpassar do tempo, cordas
corroídas do violão que ainda não sei tocar, corpos colados na
  intersecçãosútil de dois transformando-se em um...
Uma bela cachoeira ainda não pude te dar...mas dei sim, um sorriso
sincero no olhar...minha vida pra você entrar...

Quero você...muito mais que um delírio nas tardes  gostosas lá no
sítio, sua pele macia, sua boca um doce gomo...Deitava-me embaixo da
mais alta árvore copada, tirava minhas armaduras e entregava-me a
sutileza da terra úmida sob meu corpo quente. Era mesmo você que eu
queria, assim mesmo, do seu jeito, com a ternura no canto dos olhos,
com a poesia embriagando meus sentidos, um lírio silvestre, o infinito
na palma da mão...E eram lindas as luzes que transpassavam as janelas
daquela tarde perdida no tempo, e eram muitas as lembranças que
traziam sua alma para meu encanto, e era em tamanha loucura que eu
gritava seu nome, e fazia ecoar na imensidão do mundo, muito além das
porteiras do sítio, bem perto dos seus ouvidos...Satiiiiiiii!
Satiiiiiiii! Como pode ser a vida sem a delícia do seu sorriso?
Satiiiiii! Satiiiii! Como pode a distancia deixar-me inerte, com o
coração apaixonado? E a tarde corria de mãos dadas com o tempo,
serpenteando o riacho límpido atrás de casa...Eram os pássaros que
traziam-me de volta, a suspirar os meus delírios e a perder-me em todo
seu encanto.

Cada momento ao teu lado é um sorriso a mais na vida..

Diego

Pra vc sorrir


"Estou aqui mergulhado em pensamentos bons enquanto a garoa começa a
cair lá fora. A chuva ácida lava os telhados e leva consigo vestígios
dessa cidade que não para. Meus olhos aos poucos vão perdendo a
nitidez, vai ficando tudo embaçado. Mudam-se os sentidos;
transforma-se o tato. Pedaço a pedaço vou te reconstruíndo, te
imaginando, no delírio do espaço-tempo em que não tenho você ao meu
lado. Tuas doces palavras, teu corpo quente. A saudade não se cala, e
nossos momentos eternizados ainda foram poucos para suprir os dias
distantes, o amor longe... Agora junto, agora perto. Te quero presente
nos meus passos dados, nossos lábios colados...mais perto da essência
o sentido respira consumido no perfume que vem.
 Vem meu amor, de braços dados, de coração aberto...quero te fazer sorrir!!!!"


Diego

Um Yogue falando sobre a arte


Este belo texto do Professor Hermógenes, um grande sábio do yoga,  revela algo que eu sentia mas nunca consegui expressar, nem em pensamentos.


Mergulho na paz 
Hermógenes




"Um diagnóstico seguro é o melhor iní­cio do tratamento. Quando o médico chega, a saber, o de que o paciente está sofrendo, só então está em condições de agir terapeuticamente. Em resumo: primeiro o diagnóstico; depois os remédios.
Até mesmo o homem das ruas já diz, com razão: o mundo está doente!Só mesmo um otimista doido pode dizer que este é um mundo civilizado, livre, sadio, justo, honesto, tranqüilo, equilibrado, perfeito…
O diagnóstico está feito.Agora só falta o tratamento.

São tantos a diagnosticar que a segunda parte – o tratamento – está sendo esquecida.
A cada dia mais um diagnosticador se manifesta contra a hipocrisia da moral, contra a imoralidade da violência, da fome… contra a imoralidade de restringir a imoralidade. A cada dia, nos jornais, nas revistas, no rádio, na televisão, em todos os canais de comunicação, surgem novas formas de acusar os outros e de protestar. Nos teatros e cinemas, roteiristas, produtores, diretores, atores, exibidores, finalmente a maioria dos industriais da arte (???!!!), com a maior audácia, regurgitam críticas sobre o que o homem faz contra o mundo e o mundo contra o homem. Os palcos estão empenhados em dizer às multidões sadomasoquistas o quanto e como o homem é sórdido. E o fazem exibindo, escandalosamente, a própria sordidez. As telas e os ví­deos, os shows, os happeningsdisputam a atenção das platéias mórbidas, desejosas de ver cruamente sua própria morbidez. O romance, a pintura, a própria música, em expressão erótica e expansão caótica, atiram, às faces de todos, protestos, agressões, contestações… E, na generalidade, os homens pagam para ver essa deprimente autodiagnose. Todos esses bem pagos gênios do escândalo se esmeram em acentuar as sombras. Carregam nas cores do trágico. Avolumam os gritos da degradação. Abusam em ferir, em desmascarar, em agredir, em desmoralizar ainda mais.

Não é arte. Isso não é arte. É indústria usando máscara, a máscara da arte.

A máscara serve para reclamar a liberdade que a arte reclama e merece.Não haverá em cada “diagnosticador” um hipócrita?

Arrogantes, apenas apresentam aquilo que chamam de “a realidade humana”. Apenas impingem e agridem com um diagnóstico altamente suspeito. Não sentem – é claro – qualquer compromisso com o tratamento. Não trazem, nem desejam, qualquer esperança de solução. Não têm – e orgulhosamente o declaram – qualquer intenção de remediar o mal que denunciam. É lógico que assim procedam. Se seu negócio é vender carniça, sua ruí­na seria a pureza, a melhora, o progresso espiritual das multidões que deixassem de gostar da mercadoria. Sem caridade, atrozmente, cinicamente, declaram que só lhes interessa revolver o lamaçal. Faturam com a violência. Vendem escândalo.

Chega de tanto diagnóstico, isto é, de autodiagnóstico. Autodiagnóstico, sim, pois, segundo o filósofo, “quando João fala de Paulo, fico sabendo mais de João do que de Paulo”.

Chega de chamar de arte esse negócio de denúncia, que em realidade é um aliciamento dos incautos para aquilo que é objeto da denúncia.

Chega da hipocrisia de denunciar a hipocrisia.

É muito simples localizar um monturo. Basta seguir a mosca em seu vôo. Interessa-nos seguir o vôo da abelha em busca de pureza, luz, cores, trabalho, perfume, doçura
O que é mais fácil já está sendo eficazmente feito: demolir.

É preciso que apareçam alguns a revelar o lado divino do homem, mostrando uma esperança, apontando para uma luz, falando de uma solução, tentando mostrar que inferioridade e angústia são desafios necessários para uma realização evolutiva.
Mas como isso está parecendo difí­cil!

Que esperança posso ter de que minhas canções sejam ouvidas, se os decibéis da guerra e das guitarras já ensurdecem o mundo?
Que esperança posso ter de vender algum mel de minha colheita, se o vinho da sordidez agrada e alicia muito mais?
Que futuro pode ter aquele que oferece perfumes de singelas flores campestres a quem já está enlouquecido em fuga alucinógena?
Que esperar se não sei agradar com o agredir, que às multidões agrada?
Que resultado terá meu discurso se não fala do que as massas embrutecidas desejam escutar?

Apesar de tudo, não desisto.

Nisso, imitarei o Criador.
Ele é mesmo um otimista incorrigí­vel.
Ainda esperando que os homens o descubram, todas as noites, pontual e infatigavelmente, acende o imenso lampadário do céu.
Mas, Ele deve ter razão.

Sempre haverá um poeta distante, um mí­stico errante, um esteta enamorado olhando o céu, gozando o esplendor, fascinado pelas estrelas.

Vou fazer como Ele.

Continuarei cantando, falando, chamando, mesmo que o faça por fazer. Mas… sempre vou esperar que alguém me escute, me entenda, e venha comigo na estrada do Espí­rito, que é para todos nós.

Venha irmão, para um mergulho na Paz. "


Hermógenes Mergulho na Paz. Ed. Nova Era




Exílio



 Tava me preparando a dormir. O dia inteiro senti que queria escrever aqui... certa indulgência não me animava.




Tentei sem sentir forçado, passar o primeiro dia sem contato.

10 anos se passaram.

Guardo ainda um poema doído que naquele tempo me deixou... e sua rosa em papel sentido.
Eu guardo, não procurei mais, mas eu guardo.

Perdão.
Não amei,
e não contei.


Primeiro dia em que não nos falamos...um teste,
vai ser assim... distante em tato e voz,
a intimidade dentro de nós.

Recordo
Pé em gelo, sua mão firmava o cuidado, lábios no ombro, o toque do nariz perto da orelha.
um mesmo respirar
momentos
Intimidades mais íntimas que sexo.

Perdão
Amei
e não contei.




Sai ti saí





Tento inútil assimilar sentimentos que arrepiam solitários na pele,
todos os instantes passados ou não, compõe-me o presente.

O corpo, sem perguntar, sente e revive o que achou-se superado.
Nunca sabemos quais realmente foram as marcas que fincaram os momentos,
sem ciência de como, ou o que fazemos e deixamos 
irá compor cada célula de quem se é.
Nunca sabemos até onde, sendo conhecido ou não, nos afetará...

Um livro, uma vista, um sopro vindo de não sei onde...
E a angustia latejante de estômagos e pernas
não sabe-se de onde, como, pra onde...

Mas nada disso pode ser escoados em palavras,
Sentimentos não existem em palavras.

Os sábios sabem, e como sabem. Por isso se mantêm calados...

Eu nada sei e anseio,
por isso parece doer,
dói de boca em boca,
de estomago em pêlo,
de mãos desconhecidas a atos perdidos,
estiveram em mim estarão...

Nada posso dizer, deveria me calar
o sábio não ensina, vivência... 




Imagem: André Arment



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