Indo




Estou indo lá para aquele lugar q é meu conforto desde quando eu me vejo me vendo
Não faço as malas deixo pro ultimo minuto para dar o gosto de um impulso, como quando eu era adolescente, de repente olhava pro céu fazia a mala feliz correndo sem dar satisfações a escola, mãe, namorado..gostava de ligar e dizer: Ei, me deu a loca to aqui olhando o mar...
Não faço as malas preparo a mente pra essa fuga programada
Sentir outros cheiros a pele com outros contatos outras cores...
Se livrar dos pensamentos obsessivos apenas observar td com um passo mais pro lado.
Não faço as malas, não faço planos apenas vou buscando sentir.
E por isso talvez por aqui as coisas fiquem meio no ar...
porque parei de dizer...
Parei pra observar!

Ano novo

Lá pelas tantas ela vira e fala:
- Meu, tem uma coisa que eu quero te dar já faz um tempo.

E vasculha no meio de sua bolsa até encontrar um passe de metro meio amassado, ela olha para ele, sorri com o seu rosto meio vidrado da madrugada de ano novo e me entrega. Eu olho meio incrédula “será isso?” Estou na praia, meus pés estão cheio de areia e minha cabeça um pouco zonza, vendo sua empolgação ao me dar singular presente a abraço e guardo o passe na minha bolsinha. Olhando para os bêbados que se moviam pelas areias não tive como não pensar sobre o ano que viria. Que pressagio teria aquele presente naquela hora, seria mais um ano de tantos acontecimentos insólitos que não teriam explicações? Então volto os ouvidos pra o som do violão e da cantoria empolgada e desafinada.

Dias depois estou na rodoviária, espero o ônibus que me levará de volta a rotina, tudo esta normal e tranqüilo, só o corpo um pouco cansado, tão diferente dos outros anos em que nem pensaria estar voltando pra casa tão cedo, e na verdade, nunca me lembro das minhas voltas. Espero o ônibus, de pé na plataforma com um livro que peguei emprestado, o livro traz alguns contos de ciganos é sempre alguma historia de como um cigano com sua esperteza soube aproveitar as oportunidades do destino e se dar bem de alguma maneira. Uso a minha passagem para marcar as páginas. Algumas pessoas esperam impacientes os ônibus, outras parecem estar com o pensamento longe talvez projetando sua chegada ao destino. O ônibus chega, eu apenas observo, espero o tumulto inicial se acalmar e entro na pequena fila que resta, sinto alguém roçando em minha mochila não presto muita atenção mas uma hora resolvo virar e vejo uma pequena velhinha, ela esta toda de azul com um pacote de salgadinhos na mão, eu sorrio pra ela de forma cúmplice, eu gosto de velhinhos, ela retribui o sorriso mostrando sua boca desdentada e suas gengivas inflamadas. Entro no ônibus.

O ônibus estava prestes a sair, quando o motorista entra com um objeto cor de rosa nas mãos perguntando quem perdeu. Era a minha carteira. Foi uma velhinha que encontrou - ele disse. Agradeço, achando estranho porque eu usei a carteira apenas pra comprar a passagem, depois não peguei mais nela, e o guichê da rodoviária era do outro lado, não tinha como eu ter perdido ela ali perto do ônibus... abro a carteira não tem mais nada alem dos meus documentos. Puta! A velinha me roubou??
Antes de pensar: Como vou voltar pra casa??! Lembro do inusitado presente na noite do ano novo.

È, esse promete ser mais um ano sem muitas explicações.


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(esse fato foi q deu origem ao conto q deu a idéia do blog...)

Beijo Periférico



Nesse momento, bom é ter discernimento
pra entender o que é sim, não, o que é perfeito,
você no caso, meu caso não é perdido.
Pelo contrário, eu desafio

Se for divertida, amizade colorida, e se a história
é dolorida, eu não.
Perfeição não leva a
nada se maltrata o coração.

Agradeço e me pergunto pelo avesso, pra
entender o que é bom, mal, quem vem
primeiro.
Quem se atira ou tira o corpo fora.
Quem se dispara não se dissipa.

Se for desastrada, distraída, embaraçada,
se a história está errada, eu não me arrisco.
Se for desarmada, natural, envenenada,
uma história improvisada, eu me arrisco.
Eu me arrisco

Se for divertida, amizade colorida, e se a história
é dolorida, eu não.
Perfeição não leva a
nada se maltrata o coração.
Se for desastrada, distraída, embaraçada,
se a história está errada, eu não me arrisco.

Se for desarmada, natural, envenenada,
uma história improvisada, eu me arrisco.
Eu me arrisco
no seu beijo periférico.


Composição: Nô Stopa
Foto David Xavier
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