Para mais um que parte sem dizer adeus
Te conto, é tudo que posso nesse momento.
Te conto enquanto te observo partir em um ponto branco.
Imagino ser branco, pois não vejo.
E ainda bem porque se visse,
ia ser visão refratada, molhada, e toda salgada.
Te conto você fez sua conta, um cálculo amedrontado e frio.
Meu conto prolixo em sua conta concisa resultado, fastio.
Me absorveu nossa linguagem.
De espírito em matéria.
Eu mais escrita, você mais imagem.
Eu mais restrita, você de passagem.
O corpo repressão das pulsões,
em desconforto de tato.
Mecânicas do movimento, beijos parcos,
receio dos olhos nos olhos.
As mentes se concederam em mais vazão
Encontraram-se,complementaram-se,tocaram-se
em liberdade.
Raros eventos. (mas isso você ainda não sabe)
O corpo e a mente não se permitiram juntos.
Nesse cálculo eu compactuo.
Corpo + mente = sentimento.
Conta simples, não fosse às regras da relação misturar positivo e negativo.
Observo-o partir, mas nem posso mais sentir,
isso já passou também.
isso já passou também.
Assim como querer compreensão
do que foi contido.
do que foi contido.
O que em mim existiu e em você resistiu.
Disperso no ar sem conversa nem bagagem,
dissipado nas brumas que escondem
chances de viver horizontes.
chances de viver horizontes.
Te conto para enfim o ponto
com ação de fuga pra novas paisagens.
Vai fugaz... sem olhar... sem abraço...
Nem dizer: To indo, até mais.
Já é homem, mas quanta ingenuidade
acha que assim vai enganar a saudade.
Mas sei que leva no canhoto da passagem.
Pra um dia sentir em algum lugar do mundo,
a pergunta que talvez se torne selvagem:
Por quanto mais evitar sentimentos profundos?