Quimeras
Hoje você veio me despertar em sonho. Veio você, na verdade, me espetar. Chegou assim mancinho do meu lado enquanto eu dormia... e com esse seu jeito displicente de chegar chegando, me arrematando com o seu sorriso largo e profundo, me perguntou sincero, me perguntou como menino. Perguntou-me remetendo-se ao passado, e se preocupando com o futuro. (a lua esta em eixo câncer –capricórnio).
Eu ali, enlevada com a sua presença e sinceridade desmedida, te joguei lá em cima em seus sonhos, te fiz crer e me fiz crer que perdoei. Poderosa eu estava em minhas palavras em benevolentes quimeras, apesar de dormir com uma camiseta velha e furada.
Você quis ficar se protegendo em meus abraços, como tantas vezes era só o que eu queria de você... Mas eu te desenlacei e te mandei viver a vida.
Acordei te dizendo, vai vai vai... Continuo me dizendo vai vai vai, deixa-o ir de vez...
Imagem : Andrea Sheuman
Constatação barata
Insônia.
Noite quente. Remexo-me na cama de um lado ao outro, experimentando a solidão de não topar com ninguém a se queixar de minhas constantes viradas. Movimentos livres e a angustia do meu corpo deserto dividindo dois travesseiros.
Revirando-me em meio a suores provocados apenas pela temperatura ambiente, percebo um movimento á meia luz .
Observo uma temida e nojenta barata caminhando precipitante pelo chão de meu quarto. Com um longo suspiro quase que tento apenas ignorá-la, virando ao lado.
Mas o asco de imaginá-la percorrendo o meu corpo enquanto durmo, me fez pular prontamente. Encarando a barata que juntamente trazia, esfregando em minha cara, a constatação dessa empreitada solitária na noite.
Serzinho marrom, com suas asquerosas asinhas transparentes e anteninhas trepidantes.
Nem aqueles costumeiros gritos de asco e pavor quiseram se fazer presentes, como atores que se frustram com a casa vazia em dia de espetáculo, os sons não se deram ao trabalho de escorrer pela garganta e jorrar pela boca.
A aniquilação da barata foi rápida e silenciosa, como quando se quer evitar um assunto constrangedor, logo inventamos uma historia mais atraente e distraível.
Mas em noites como essa, os sentimentos estão aflorados de mais para assim serem embromados. E logo o corpo, com o seu pijaminha um tanto quanto sexy por causa do calor, volta-se a se por em debate com os dois travesseiros.
Imagem: Francesca Woodman
Noite quente. Remexo-me na cama de um lado ao outro, experimentando a solidão de não topar com ninguém a se queixar de minhas constantes viradas. Movimentos livres e a angustia do meu corpo deserto dividindo dois travesseiros.
Revirando-me em meio a suores provocados apenas pela temperatura ambiente, percebo um movimento á meia luz .
Observo uma temida e nojenta barata caminhando precipitante pelo chão de meu quarto. Com um longo suspiro quase que tento apenas ignorá-la, virando ao lado.
Mas o asco de imaginá-la percorrendo o meu corpo enquanto durmo, me fez pular prontamente. Encarando a barata que juntamente trazia, esfregando em minha cara, a constatação dessa empreitada solitária na noite.
Serzinho marrom, com suas asquerosas asinhas transparentes e anteninhas trepidantes.
Nem aqueles costumeiros gritos de asco e pavor quiseram se fazer presentes, como atores que se frustram com a casa vazia em dia de espetáculo, os sons não se deram ao trabalho de escorrer pela garganta e jorrar pela boca.
A aniquilação da barata foi rápida e silenciosa, como quando se quer evitar um assunto constrangedor, logo inventamos uma historia mais atraente e distraível.
Mas em noites como essa, os sentimentos estão aflorados de mais para assim serem embromados. E logo o corpo, com o seu pijaminha um tanto quanto sexy por causa do calor, volta-se a se por em debate com os dois travesseiros.
Imagem: Francesca Woodman
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