A morbidez da morte esta nos olhos de quem fica



Imagem: Irina Ionesco


 Madrugadas...
O sabor adocicado vira sumo por entre os dedos.









Imagem Vladimi Kush

Pra ti que vive a trocar de nome

 
Será por ego,

 por puro apego ?
  
Que te visito em olhos
na vaidade dançante de  mimo musa.

 E continuo sem saber que versos seus
 que são meus.













Imagem : Frank Cadogan Cowper

" O MEU CORPO ME PERTENCE"

As considerações sobre o aborto além de serem questão de saúde pública, tem a ver com o controle do Estado sobre o seu corpo e sua individualidade. A criminalização do aborto parte da premissa de que uma mulher não tem condições de controlar a sua vida, e seu corpo individualmente, por isso o Estado precisa intervir já que julga a mulher incapaz de ter a compreensão dos valores de suas atitudes.
A discussão também é sobre o conceito do que é vida, como o Estado é laico a questão do que se considera vida não deve ser pautada na noção religiosa.
Na linha religiosa que eu sigo, a vida acontece desde o primeiro dia da concepeção. Eu não faria um aborto, ASSIM COMO EU NÃO COMO CARNE. Mas essa é uma concepção individual minha, que parte da minha consciência religiosa e filosófica.
E nessa mesma questão de VIDA defendo a descriminalização do aborto. Chega de hipocrisia! Milhares de mulheres estão morrendo por conta de abortos clandestinos. E não vai fazer diferença nenhuma se VOCÊ achar que pode decidir por alguém, negando o direito de uma pessoa ter a liberdade de suas decisões.

O ABORTO É UM DIREITO DE LIBERDADE!!


Pela legalização do aborto no Brasil!

Ao pé do ouvido



 Ele dizia que gostava dela porque ela era espontânea e não escondia os sentimentos...
ela já não o ouvia mais
estava pensando em como é fácil expressar sentimentos que não são profundamente sinceros.



Imagem : Kira Shaimanova


Sumi

Tenho andado assim tantos quilômetros por dia 
                tão parada.

Vejo tantos rostos e expectativas.

                As pessoas me ouvem,

eu ganho pra isso.

               As pessoas me ouvem,  me vêm
                      me obedecem.
Eu ganho.

                Mesmo quando eu não quero nada pra mostrar e dizer.
  Eu continuo ganhando.
                                     
Tenho andado assim parada tantos quilômetros e rostos por dias.
                                Eu continuo me perdendo.







Relação virtual






Encontraram-se
e não foi um acaso da vida, a vida esta muito corrida e as pessoas enferrujadas pra se deixarem levar ao acaso.
Encontraram-se porque procuravam. E como procuravam...
Perdidos em horas navegadas, os olhos agitados de páginas à páginas,
navegantes, um tanto quanto entusiastas dos meios.
Sentiam em pele, a dor do frio virtual que secava a quem dia a dia se faz sensível.

Tanto assim que se deixaram
tanto assim que as letras mal digitadas da velocidade da conversa, subiam e subiam
Horas a fio...

O pulso doía, a luz lá fora caminhava  ofuscada pela intermitência da luz quadrada, não percebiam, não sentiam o movimento da vida que vai,
o gato espreguiça, passeia pela ração
a perua buzina lá fora trazendo crianças sujas e famintas,
o elevador que sobe, desce...
As letras, as letras, os sorrisos e risadas das conversas dedilhadas,
Risadas dedilhadas .

Então se encontraram
no mesmo instante se amaram, precisavam se amar, pois enfim se encontraram.

Conversaram  como que velhos conhecidos, mas sem saber ser confortáveis e espontâneos quando na intimidade de seus teclados...
O papo se perdia, quase não tinham como se apresentar, já estava tudo dito em suas páginas em face, e seus dias expressos em carácteres, acompanhados e comentados.

Tudo resumido, assim dito por dito, restava o toque...
E se permitiram rapidamente a ele. Talvez por puro medo, de que aquele silêncio expresso no contato dimensional, os afastasse definitivamente da felicidade de olhar a janelinha subindo com o dizer, “acabou de entrar”.

O toque de corpo foi um misto de surpresa e revelação na constatação do auto-engano.
Realmente não se conheciam, definitivamente dois estranhos estavam ali.
Mas valia, valia tudo o que sentiam quando visitavam os blogs afoitos por novidades deixadas em formas poesias.

Duas @@ juntas agora, comentariam em seus caracteres, @namora@, receberiam RTs de felicitações, dos amigos em comum de todo o canto do país, cidades e cidades do mundo, duas @, quem sabe um dia @binhas viriam...

Nos outros dias cada um em seu trabalho, prosearam pelas links virtuais o decorrer do dia, Facebook, bate papo do Gmail, msn, Skipe... os dois estavam em todas as contas um do outro.

Chegavam em casa e antes de qualquer coisa, de ascender a luz, acariciar o cachorro, lavar as mãos... Iam direto ligando o computador... E vai quase um minuto de interminável espera até a conexão em fim.

“ poxa, estamos conversando aqui, mas podíamos ter nos encontrado hoje né?”
“ Ah, mas acordo cedo amanhã”
Dois pontos abre parentes.
“ Mas já são quase uma e você ta aqui...”
Erre esse erre esse.




 Não tinham percebido até então que a relação poderia ir por caminhos mais livres, sem o intermédio de uma face brilhante.

Um dia ele tinha uma reunião o dia todo. Avisou no TT via celular. Ela estava então uma tarde toda sozinha... Começou a vasculhar sua vida, os 4573 recados no Orkut, o mural do facebook foi até onde podia, começou a ler os quase 6,000 twettes, e até as 289 respostas no famigerado formspring.

Ela sentia que podia fazer isso, nada dele sabia, e ademais esta tudo lá, o pessoal no público. Ela era o seu público agora.
Ela tentava traçar linhas de conexões, recados mais ousados como, “saudades”  procurava até onde podia pra saber mais de onde vinha.
“Saco, hoje em dia todo mundo bloqueia tudo...”

Uma rotina mais palpável começou a se fazer, telefonemas tornaram-se mais significativos que letras que subiam.
Entravam invisível no msn a fim de não perderem tempo com os papos insignicativos de agora sentidos falsos conhecidos.
As pessoas comentavam publicamente, cadê @ tal que sumiu.

Foram assim, por puro excesso de rotina de sua união, afastando-se do que um dia foi mais real. dedicando-se agora à um mundo onde se sente os passos do pé no chão.

Claro que ele ainda falava com @anamineira, e ela mantinha contatos com @papopoeta, mas menos, bem menos...

Humpft!

Vou falar!
Lembro de quando era adolescente, eu colocava músicas do Djavan no quarto e ficava chorando... Só por chorar,  não tinha nenhum motivo assim aparente, mas existia aquela vontade latente do choro.
E eu ia lá, não me reprimia, fazia ele sair ouvindo as metáforas de amor de Djavan.
E eu to aqui nesse blog escrevendo contículos engraçadinhos...  
O meu ser ta precisando de algum quê de Djavan pra expelir
Essa rotina de dia e de noite, meus amigos, minhas gatas e...
ta tudo assim papel em branco... 
antes até papel amassadoriscadorabiscado 
mas não... 
papel em branco! 

conto curto






Casada com um renomado intelectual,
ela se sentia como os livros que ele exibia na estante,
citada mas nunca compreendida. 








              
Imagem: Vladimir Kush






Sexta 13

 

Convidou-a para tomar algo. 
Talhou filetes em sua carne nua,
e sorveu devotadamente o liquido vermelho.








Imagem: Maya Goded 


 

Decididamente

                                                               
 Pensei estar em momentos de tomadas de decisões na minha vida.

Mas parece que as decisões estão se tomando por elas mesmas.







Imagem: Vladimir Kush

Vida Yoga

Nova postagem no meu blog de yoga

O que é Asana 

clique e descubra seus benefícios.

Da qualidade de ser musa



Lembro quando conheci a palavra “musa”, foi em um romance que lia quando tinha 11 anos. O personagem era um desenhista e dizia algo como, “nunca mais terei em tela os seios de minha musa.”
Como sempre recorri ao dicionário, “ Mamãe, mamãe o que qui é musa?”
Ela explicou que era uma mulher muito bela e amada, que inspira o artista criar obras sobre ela.
Pensei: “legal, quero ser musa”.
Mais ou menos igual quando eu tinha uns 7 anos, e perguntei pra minha mãe quem era o Pinochet. Ela querendo suavizar um ditador disse-me, “é um cara que obriga a todas as pessoas fazerem o que ele quer ”.
Então eu disse: “Legal! Quando crescer quero ser isso também.”
Minha mãe deveria ter enfiado o meu dedo na tomada, para eu ter noção do que é tortura, porque desde então eu cresci super mandona.   

Mas fiquei com essa coisa de musa na cabeça. A princípio não fui muito sutil, dado essa minha influência infantil Pinocheniana.

Tinha um colega na escola que passava os dias desenhando personagens de quadrinhos. Eu perguntei: “Você nunca desenha heroínas mulheres?. Dias depois ele trouxe um desenho, acho que da Vampira do X Man.  Ai eu falei : “ Ah, faz um desenho de mim como heroína?” E ele veio com outro desenho da Vampira, só que mais baixinha.

Não desanimei.
Um dia comecei a namorar um músico. De presente de aniversário pedi que ele me compusesse uma música. Ele fez uma música tão abstrata, e a meu ver até atonal, que ele nunca mais conseguiu toca-la de novo.

Enfim logo conheci os poetas, com estes era tudo mais fácil. Embebidos da segunda geração romântica, estão sempre sedentos por uma musa pra lhes dar alguma dor. E quanto mais você desdenhava mais poemas recebia.

Não que estes não dessem trabalho também. Você tem de ter muita autoconfiança pra acreditar que aquele poema do seu namorado, sobre uma noite inesquecível com uma mulher fabulosa, de olhos tão profundos que beiravam o lilás, era sobre você mesma.
Pior ainda, são aqueles que têm mania de misturar os relacionamentos em um poema só,
e você tem que ficar decifrando se é a lírica, a plácida ou a louca.

O ruim de ser musa é que sua vida fica meio exposta. Vai ser musa de um cara que escreve contos autorais, que fica cavando coisas mais escatológicas e bizarras pra divulgar por ai. Como a vez que foram viajar para um fim de semana romântico, e comeram camarões estragados de resseca de vinho barato. Que deu uma disenteria tão fudida que em quanto um cagava na privada, outro tinha que cagar no chão.

Outra coisa que é foda é ser musa desses caras que não tem capacidade artística, mas que são tão locos e bitolados que escrevem sobre você até em porta de banheiros públicos.

Também nunca fui uma musa muito fácil. Sou impar pra rimar, cinza em azáfama, áscua em álveo.
E logo meus artistas partem pra mulheres de apoios fonéticos mais recorrentes. Daniela de todas a mais bela. Fabiana no meu coração é soberana. Amanda minha vida você comanda. Ou  ainda aquela vaca da Cristina, com seu nome tudo rima.

Mas o pior mesmo é ser a musa de você mesma, que fica escrevendo coisas assim por não ter mais sobre o que falar.




Imagem: Velásquez " Vénus no espelho"
Picasso "Mulher ao espelho"




Um Sonho



Caminhava sobre muros da cidade, ela notou e passou a me seguir. Percebi sua intenção de relance, e  pulei faceira sobre telhados.
Ela brincou comigo, com longos e pesados cabelos negros envolvendo uma face misteriosa. Sua pele brilhava sobre o céu que hora se tornava claro, hora se tornava escuro.
Dançávamos e girávamos, um dos giros tornou-me à seguidora.
Em um majestoso salto se jogou para o fundo de uma enorme piscina em um azul bucólico.
Pulei atrás, experimentando a sensação da água em meu corpo.
Na parábola do mergulho, as solas de dois pés colidiram com força sobre o meu peito.
Perdendo tudo em mim pensei, “não sobreviverei a isso”.
Deitaram-me a borda da piscina, e o primeiro ar que consegui trazer foi só pra gritar,
“ Porque fez isso?”. Seu rosto sem face respondeu, “ Você também já fez isso”.
Cai em torpor sentindo os pelos ouriçando no frio de minha pele molhada.
Os pulmões exprimidos sob os ossos das costelas lutavam para estabelecer respiração, o coração esmagado compassava em dissonância 
“Não sobreviverei a isso!”
Exclamei com o que eu achei ser meu ultimo tormento.
Então meu pai debruçou-se sobre a minha face, com seus olhos verdes e sorriso debochado, me informou:
“Você só esta apaixonada.”




Imagem: Michael Parkes

O Pão da Carina

Carina tinha a vida assim milimetricamente cronometrada, colocava o despertador para as 6 e 3 da manhã, levantava depois dos dez minutos da tecla soneca. 7 e 15 saia de casa e caminhava cerca de 13 minutos até o metro Conceição, e guardado os atrasos, demorava mais cerca de 13 minutos até a estação Ana Rosa, onde pegava um ônibus até o escritório que trabalhava no Itaim.

Um dia como todos os outros, estava na sua rotina de ir, por volta das 7 e 41 em direção as escadas rolantes, quando notou Ele que se destacava na multidão. Uma visão que surgia em sua direção, tinha um ar sonolento e um leve sorriso no rosto, como se ele não estivesse ali, no meio do transito de pessoas correndo com os seus horários exíguos para suas vidas atarefadas. Ele simplesmente caminhava...

Carina passou a avistá-lo quase que diariamente, ela o via de longe, com o seu andar tranqüilo, os cabelos ainda molhados, denunciando que acabava de sair do banho. Ela imediatamente sorria, e confabulava “ele deve morar há uns 5, 6 minutos daqui”.

E assim ela começou a antecipar a situação, prevendo encontrá-lo, começou a controlar mais minuciosamente seus horários para não perder a oportunidade de vê-lo.
Quando o via chegava no trabalho contando pra todo mundo. Sempre bom ter alguma novidade logo pela manhã, algo sobre o que falar no início do dia que não fosse sobre a novela, o tempo, ou falar mal daquela pessoa de sempre.

Claro que ela logo inventou um apelido pra ele, as mulheres precisam disso, de um nome pra dar ao seu objeto de fantasia, fica mais fácil assim criar suas características, e personalidade imaginária.
Não como os homens que não são nada complexos, pra eles basta dizer. “ Aquela peituda do xérox” que ta tudo resolvido, ou “ a bunduda do 101” e assim por diante.
Não, as mulheres precisam de algo mais, algo que acompanhe toda a dimensão de sua mente cebola com suas camadas de universos a parte.

Então ela começou o chamar de Pão, porque ele vinha assim fresquinho saído do banho, ela quase que via fumacinhas exalando dele.

Carina chegava no trabalho e a primeira coisa que dizia era, “ ai gente vi o Pão hoje!” e as colegas pra estimular, ou provocar diziam “ e ai? E ai?” ela suspirava e respondia, “e ai que ele é lindo”.
Os homens do escritório comentavam entre eles, em meio as litros de café, “ essa ai ta precisando é de uma boa trepada”. Pelo menos ela ganhou um apelido mais inventivo quando era comentada na roda masculina “ a maluca do pão”.
As mulheres já eram mais presentes, umas até incentivam, “ Ai vai lá menina! Fala com ele.” Mas Carina se desesperava. “ Mas vou falar o que? Vem ser o Pão do meu café da manhã?!Quero ser a manteiga do seu pão?!”. Todas riam e a história ficava por isso mesmo.



Mas o pão virou obsessão, Carina passou a acordar mais cedo pra se arrumar pra ele. Logo descobriu que a forma de se vestir tinha que ser do tipo mais tático, como ele a via só por alguns segundos de passagem, ele colocava uma roupa e passava assim de lado correndo no espelho, a que mais marcava no movimento era a escolhida. Por isso começou a usar vermelho, lenços coloridos e saias esvoaçante.

Chegava mais cedo no metro e ficava esperando só pra o ver passar, se atrasava constantemente no trabalho, logo ela que era tão pontual.
“Mas o que esta acontecendo com você Carina? O que tanto viu nesse cara?”. As colegas se preocupavam. “Há! Ele caminha leve e sorrindo... Que homem assim caminha sorrindo?”

Um dia Carina tomou uma atitude. Resolveu não mais o esperar lá em baixo, subiu as escadas e o procurou do lado de fora do metro, um dois três dias e nada. Até que um dia...
Seu ar faltou, sua vista turvou, perdeu o chão o rumo o sentido, não sabia como agir com o que estava vendo.
Seu Pão, seu Pãozinho assim sendo devorado em plena rua, sem requinte na maior displicência na boca de uma qualquer.
E foi assim que Carina aprendeu que homem quando anda sorrindo é homem que está apaixonado.

Fustigador


Esta aí você a não me olhar?
Esta aí você que tanto me admirou, provocou
invocando em mim sentidos amontanhados sobre terras que ousei não mais caminhar.
Esta agora aí. que sei!
E sei também, que não se interessas mais sobre meu ventre poetar.
Ostentou-me em imagem divulgo-me em musa,
apagou-me em igual velocidade .
Imagino você aí. De sua cadeira. figura enevoada pela sua fumaça que me enjoava. Seu escudo. 
Me apertava em traumas latentes e protegia-se em resvalar de sentimentos.
Seu jeito elementar de tudo ser.
Fustigador em seu ser entediado e blaset.
Aduziu sem dó meus erros, ajudou em doação com o filho que eu carregava.
Me tocou de ponta ao fim. E foi assim.

O primeiro amor Platônico


Tava lendo diários antigos e lembrei do meu primeiro amor platônico, na verdade não sei se esse foi o primeiro, porque desde o prézinho que eu gostava dos meninos. Lembro que tinha 6 na minha classe, um era o meu namoradinho e os outros 5 eu declaradamente falava que gostava, até do Alexandre que era gordinho e um dia jogou areia no meu olho.
Lembro que na sexta série tinha uma professora de ciências a Elza, ela dizia que eu tinha  hormônios em turbilhões, porque só da minha sala eu gostava de 2 e ainda tinha, claro, aquele carinha da oitava série.
Não sei como era tudo tão declarado. Sei que a frase “Controle esses seus hormônios!” seguiu toda a minha adolescência.
Mas vamos ao ponto, porque ninguém lê postagem com mais de 20 linhas nos blogs ( eu não leio heheh).
Bom, como nas analises de fatos históricos, é definida uma data aproximada pra algum evento que não se tem precisão de período, eu vou escolher o Luiz como meu primeiro amor Platônico.

Conheci ele quando estava organizando um festival de bandas na minha escola, eu tinha 16 anos e achava que era A descolada. Ele era O estereotipo. Vocalista da primeira banda, das 15 que iam tocar. Uma banda de Reggae, ele estava de azul todo gato, sentado com o seu violãozinho no colo.
Miséria! O inicio da minha perdições por músicos ( superada depois que aprendi a tocar violão, não sei tocar direito mas me ajudou a me emancipar desses músicos).



 Conversamos e eu me apaixonei de cara, porque ele perguntou qual era o meu signo. Aiai!
 Não ficamos porque eu contei que já tinha beijado outro cara naquele dia. ( Um  cara que eu peguei só porque tinha  piercing na língua...)
Mas ele anotou o meu telefone, naquela época não tinha nda disso de internet ( ufaa!)
Ele me ligou umas 3 vezes, e seilá porque ficou por isso mesmo.
Mas ele ficou na minha cabeça como o homem ideal, eu chamava ele de azul, e escrevia quilos de poemas pensando nele, sofria, imaginava, suspirava... aaaaaiiiihhh

Cerca de um ano depois o vi  no palco de algum festival de rua, dessa vez era uma banda de Forró.
Nossa!! Gelei, quis chorar, vomitar , não sabia o que fazer, contei pras minhas amigas que o homem da minha vida tava no palco!
Aii meus hormônios! Nem respirava direito.Não conseguia imaginar o que fazer, suava, tremia... queria ir embora, queria me jogar no palco. As amigas todas em volta dando aquela força, e enquanto ele tocava fui me recompondo. Então acabou o show dele, esperei ele descer, e fui!
Lembro que ele ficou muito feliz em me ver e soltou um “ Estilosa como sempre” (  acho q perdi isso rrs ).
Enfim começamos a ficar. O foda que a banda dele tava ficando meio famosinha, e nossa, dava muito trabalho ficar com um cara daquele. Sempre cheio de shows, ensaios, menininhas no pé...
De qualquer forma, eu me considerava mega apaixonada por ele, fazia planos, suspirava escrevia sobre ele o dia todo, só falava dele...
Mas não sei bem porque cargas d´agua, um dia FIQUEI com o baterista da banda dele.  ?????!!!!!!
Da pra imaginar??!!! Tem que ser mesmo um amor de uma menina de 17 anos, pra fazer uma pataguada dessas!!
E assim ele se foi da minha vida, e eu ainda fiquei por muito tempo dedicando poemas a ele.

Fui atrás dele uns 10 anos depois disso, conversamos pelo msn, ele tinha acabado de terminar o casamento com uma menina que ele namorou desde daquela época mesmo. Hoje ele tem uma banda de Rock Pop que ta famosinha, e é meio Emo ( q ele não leia isso srrs).
 Iamos nos encontrar, mas um dia ele disse que samba era uma porcaria e... “Quem não gosta de samba bom sujeito não é”...

Melhorou ??

Vazia



Essa vida que existe a minha frente.
 Esta ai a cada segundo que  passo perdida no sofá,
olhando os raios transportando o tempo pela janela,
seus  reflexos caminham pelo chão vazio de meu apartamento.

A vida não me arde mais, meu estomago não me urge mais.
O céu passeia seguro pelos dias,
só pra me mostrar que eu não sei o que fazer com eles.

Claro escuro, apenas essas nuances captam minhas retinas.
Me viro de um lado ao outro sobre mim mesma.
Mas um gato deitado em minha barriga diz,
 não ser preciso encostar os pés no chão frio. 



Imagem: Wisdom
Não to mais gostando desse blog.
Muito escuro, bagunçado sem foco sem tema...
Ta parecendo o meu quarto, minha cabeça, meus dias..
Amadesamaadoeceamorteceacreditabrincaentristeceentorpececarenciamalemolenciavive
definhadefinesatirizagozarelaxaaprendeatormentacriadescasoporacasoprantoplanta
acimentadesenvolvemassageacura
em um só tempo
30 de outubro de 2011


Quando mais nova queria crescer e tocar os céus. 

Hoje quer crescer e tocar o ser de dentro.

Imagem: Renato Dorfman

contos curtos

Impaciente e cheia de si, acreditava estar sempre lhe dando com oponentes.
Até virar uma esquina e encontrar seu inimigo refletido em uma vitrine.

Cheiro Noir





Dos movimentos que se tornaram cotidianos, fizeram-se o passo da intimidade, compartilhando no armarinho do banheiro objetos que escamoteiam odores.

Mas ela não durara nem um frasco de desodorante.

Que por não ser um livro, objeto contundentemente requerido não importa a forma de término nos relacionamentos, ele permaneceu ali.
Para uso conveniente de novas visitas, ainda sem seus lugares no armário.

Mas a sua tampa rosa deixava um cheiro no ar
e  trazia a sutil denúncia de que os novos amores possuem passados.    

O poder das palavras

Nova postagem no blog VIDA YOGA


Quando arbitrariamente julgamos estarmos falando da boca pra fora, a palavra vem carregada de um fluxo continuo de energia desde o contexto de criação dessa palavra.
O instrumento primordial de toda a criação é o som. A palavra é a reverberação do som que vibra desde o primeiro momento a que foi pronunciada. mais...

Estáticismo

Digo aqui assim, sem pensar muito
sem me preocupar com estética que andam por ai querendo que me preocupe. Eu li um livro de 556 páginas outro dia, a Distinção. Conclusão: Estética é uma construção de distinção social ( mas provavelmente não sei do que estou falando)
só pra rimar mesmo...

Minha estética disléxica,
tento lembrar qual foi a palavra que usaram pra definir esse blog, algo não muito sutil, e um tanto desanimador...

São duas e pouco da manhã de uma sexta chuvosa, estou acabando finalmente a minha dissertação.
Como é engraçado, mandei de tantas maneiras qua as coisas se fodam, e no fim elas não se foderam e nem me foderam.

Só pra escrever um pouco de palavrão no meio de 158 paginas acadêmicas de minha vida

Sinto um gosto de liberdade e angustia escorrendo pelo canto da boca.
Com a liberdade vem as escolhas.
Ação depois de tanta inanição.

também me curo dessa anemia
muito barato se ao fim eu rimar tudo isso com alegria?

Imagem: D. Xavier

Sobre comida e vícios

“Compulsão por gordura funciona como vício em cocaína, diz estudo.”

Nova postagem no meu blog de >> YOGA

"Assim como o vício em drogas como cocaína, a compulsão por comidas gordurosas - como doces e frituras - é extremamente difícil de ser combatida. O estudo, realizado com camundongos, mostra que as partes do cérebro que lidam com o prazer deterioram-se gradualmente na medida em que o consumo vai aumentando.”

Anemia


                      

Ser sem dentro em agonia.
Nada posso pra fora expandir
Língua que prende amarrando a boca.
Nada posso de dentro surtir
Palidez que vertem os dias em apatia
                                                                                 
Fome que dói na garganta imperando inconsistência
Hematomas que aparecem por pouca delicadeza
angustia vazia de farta carência.
Nada mais tenho alem dessa fraqueza.

Vontade de enfiar a cara na terra,
devoro assim solidão Rebeca Buéndia.
O gelo, meu calcário de parede.
Banana verde amarrando a boca.
Sôfrego em avidez meu corpo se encerra.

Tépido sangue influi fino,
nada encontro que me sustente
sabor em senso nesse organismo mofino
branco opaco em fragmento pungente.

Débeis sentidos que me erguem cansada
Aceitei seu remédio semeador de cabeça
crença que vende amarrando a boca.
Sintético a espera que meu ser guarneça.
Nem percebo permitir direção errada

Espessa luz que não acalenta,
oco cultivo que desnutre em empenho.
Vermelho sem cor que não posso escoar,
se esvair  perderei o que já não tenho.
Vestígio que fere o que não me alimenta

2, 3, 4 ,5 amarrando a boca.

Supero


Por que eu não supero?
Meu corpo treme de febre, ardor dessa dor sem correspondência
meu estomago se revira a espera de um toque seu.
Que não vem, que não vem...
Por que eu ainda espero,
por que eu ainda quero?

Vem um vem outro eu me distraio, me deixo levar,
mas eu volto, vem e vai, e eu volto.
E espero um recado
e espero um dizer
que não vem, que não vem!

Meu corpo se embrulha nele mesmo buscando se encontrar
encontrar lá no fundo o que me acolhe.
Pra de novo eu não me ver,
nessa dor de ver mais uma te chamando de amor.
Que brega .
Por que isso me fere?

Você vem assim, na minha vida deixando todo seu rastro dentro. E vai solto, leve flutuando em outros ares.
Eu também quero flutuar
Mas vem um, vem outro
Eu não deixo nem me chamarem de meu bem
e já tem mais uma te chamando de amor.
E você não me deixou chamar de nada
você não me deixou te dizer nada!

Por que isso me interfere?

Esse eu não posto, não divulgo.
Eu escondo lá no meu fundo que ainda não superei
Eu escondo lá no meu fundo que te persigo em pensamentos
E que me afeto, e que me afeto.
E espero um toque seu, um contato...
Você não fica sozinho.


Imagem: Michael Parkes

Mes


Perguntaram a ele e assim foi o que ele disse, eu vivi o fato e ele fez em conto.

Descreva um encontro inesquecível.

( Aleph Davis)

Era um primeiro encontro, o meu último. Nem era para ser algo romântico, apesar da garota ser interessante. Nunca havíamos nos visto antes, mas nos abraçamos, para começar; e olhamos bem no olho um do outro. E gostei muito do que vi.

Metrô Consolação. Era segunda feira de Carnaval, uma tarde quente. Ela linda. De muitos sorrisos. Havia poesia ali.

Só havíamos conversado uma vez, na noite anterior, pela internet, sobre trabalho. Mas não sei como concordamos em nos encontrar pessoalmente e, o mais estranho, sabíamos que não seria para falar de trabalho.

Caminhamos um pouco à esmo, descontraídos, a flanar lado a lado, descendo e subindo a Rua Augusta. Conversávamos sorrindo, um pouco bobos. Paramos para tomar um chá gelado e conversar melhor, frente a frente.

Ao anoitecer fomos até o vão do MASP, onde as conversas ficaram mais sérias, profundas, um pouco confessionais e em têrmos e olhares cada vez mais íntimos. Inteligente ela. Nenhuma das nossas diferenças podia nos afastar, e a proximidade aumentava à medida que afundávamos nossos olhos na noite, olhos vívidos como nossos corações.

Caminhamos em direção ao Paraíso, e fomos parar no número 1000 da Rua Vergueiro, onde escalamos a rampa sobre a qual se expõe o logo do Centro Cultural. Sentados lá em cima, começamos a averiguar com as mãos as mãos um do outro, e logo o rosto e os cabelos. Abraçamo-nos intensa e demoradamente. Então nossas cabeças começaram a dançar juntas, tocando-se mutuamente, devagar, como o fazem dois animais carinhosos; as mãos entrelaçadas, os olhos fechados, e nossas antenas (cada poro) em fina sintonia, sinfonia. Tanto que ouvi fonemas e ela viu cores. O que mais e mais se intensificava, em nosso silêncio cúmplice. O beijo, o melhor do mundo, foi uma simples conseqüência, ato contínuo, poético; acariciávamos com lábios os lábios, a língua com a língua, numa delicada operação mágica, de conversão e amálgama, de reconhecimento e entrega.

Foi uma experiência descontrolada de respirar o momento, dádiva plena dos dois sermos um, de admissão dos sentidos, rito iniciático ao outro.

Eis como tudo começou... a amizade, a paixão e o amor. Estamos namorando desde então, e hoje faz um mês. Cada novo encontro nosso é sempre melhor do que o anterior, todos eles inesquecíveis.


Mais do autor:   http://naofiquesao.blogspot.com/




As placas do Exército

Encontrei outro dia uma placa do Exército que me trouxe um ensinamento tão profundo!
Contei aqui no meu outro blog,
da uma olhada lá.

http://fluiryoga.blogspot.com/2010/03/ensinamentos-das-placas.html

Namastê
AMIGOS !
por um tempo vcs me encontrarão somente no


www.dissertando.prazofinal.arrancandoscabelos.com

até

Ampliar o acesso ao conhecimento

A importância da Reforma da Lei de Direito Autoral para a Educação Brasileira

Vale a pena termos conhecimento um pouco mais aprofundado sobre a reforma da lei de direito autoral.
Esse texto é muito bom e ajuda em um posiciomamento.
Fiquem atentos:
A perspectiva é que a consulta pública tenha início por volta do dia 15 de março.

Esses meninos...

Ele tinha lá seus 2 aninhos e pouco, brincava sozinho, livre, feliz da vida.
Andava, girava, as vezes se desequilibrava com seus próprios movimentos, e bum, caia de bunda no chão, fazia cara de choro mas desistia e voltava a pular e se balançar pros lados. Soltava gritinhos estridentes de alegria, e quando estava muito empolgado, levava a mão ao saquinho.
Observando a cena comentei com um amigo:
- Porque será que quando essas crianças ficam assim entusiasmadas seguram o pintinho?
Ele respondeu:
- A gente também seguraria, mas nos controlamos até chegar em casa.

Crônica de um dia



( ficou um pouco longo, mas como faz tempo q não posto... e há! É pra ler assim meio correndo, meio sem virgulas, meio agitado, meio sem se aprofundar, assim São Paulo ...)

Gosta de crônicas? - Ele pergunta.

Acordei cedo, leve friozinho num dia que se sabe será de muito calor.
Fiz uma aula de yoga, saí 5 minutos mais cedo, corri pro metrô, o trem atrasou.
Atrasou atrasou...
Pessoas acumulando na plataforma.
Nenhuma voz explica nda.
Minutos passam, pessoas se entreolham, algumas bufam.
Plataforma lotada mas td mundo direitinho atrás do adesivo azul.
Uma esperta chega do meu lado - Estou na frente.
- Quebrou é?
- Num sei.  - Respondo meio aérea.
Chega finalmente. A mulher é tão esperta q ainda conseguiu entrar antes de mim. Sou empurrada pra dentro do vagão. Me fez lembrar um mantra.
“ A onda do mar, esta em mim o mar... Eu sou  a onda, está em mim o mar...”
O mantra me acalmou durante o trajeto esmagada. Descida, quebro na areia,  caminho correndo pra compensar aquele descanso na plataforma.

Chego, num da nem tempo pra uma água. Estão lá as alunas, academia só para mulheres. O único homem é o dono.Esperto.
Aula corre tranqüila. Ao final, uma vem dizer q passou a semana toda sentindo o músculo do abdômen.
Como toda boa professora de yoga, faço uma cara serena serena e digo:
- Hum... pode ser q você tenha ido além de seu limite, é preciso respeitar o corpo.
Outra aluna ajuda: Mas é uma dor boa, de músculo trabalhando.
Pego meus CDs desligo o ar e corro pra próxima aula.
Ônibus até a Brigadeiro, como uma barrinha de cereal, pego outro bus até o Itain.

Aulas dadas. Casa, preparo almoço, brinco com as gatas, tiro um cochilo de 30 minutinhos, checada básica no horóscopo do dia:
“ Hoje você esta com um poder de magnetismo pessoal inexplicavelmente forte”
Banho e Psicólogo.

Você é muito mental – Ela diz.
Penso com os meus botões: 
Mas meu coração tem que bater.
 - Você segura tudo muito com a cabeça. – Ela insiste.
Pensamentos insistem:
A cabeça agüenta, o coração sufoca.
Cabeça transforma em poemas, coração paralisa.
Tenho medo que ela me cure e eu nunca mais escreva poesia.

Sai do consultório, o céu esta cinza cinza, mas saco da bolsa um imenso óculos escuros que escondem os vermelhos da minha consulta.
Desço a rua cheia de bares na Vila Madalena,
é terça feira, mas é duble drink , o bar  já esboça alguns solitários que observam o meu caminhar...
O mundo desaba enquanto estou no ônibus. Meu ponto chega e ele continua desabando, sem ter o q fazer me entrego as águas, tenho um guarda-chuva, mas sinto q a única coisa q ele protege é o meu couro cabeludo.

Metro, Brigadeiro ainda chove, encaro. Sesc.
Décimo quarto andar... penso em tomar alguma coisa quente...
Dou uma passada no banheiro, e tento secar as pernas e pés (ainda bem q estava de vestidinho e sandálias...) esqueço de olhar no espelho.

Décimo quarto andar... até quando vou entrar e olhar pra esquerda?
Sei q você nunca mais esta lá! Até quando vou chegar no décimo quarto andar e ainda olhar pra esquerda no décimo quarto andar?

Observo alguns rostos conhecidos, típicos daquelas pessoas que freqüentam os mesmos circuitos centrais culturais baratos.

Caminho em direção ao bar. Quero uma coisa quente, outra que sustente e algo doce... Só isso passa em minha mente.
Um dos rostos conhecidos me olha. Esboço um cumprimento meio tímido. Na lata ele devolve:
- Você parece uma leoa. Uma leoa cansada.
Só consigo pensar, diante de inusitado comentário, que devia estar realmente descabelada.

- Gosta de crônicas?  - Ele pergunta.
- Se forem boas... - Respondo com displicência .
Eis que então ele me oferece um livro de crônicas de sua composição. E depois parte com o seu amigo também escritor.

Fico eu, meu caputino e o livro, que se demonstra muito interessante. crônicas do dia a dia desse personagem que freqüenta os mesmos lugares que eu. Feiras, centro cultural Vergueiro e até a mesma casa na rua João Moura.
Chego a me assustar achando que poderia me encontrar em alguma esquina de suas linhas.  
Como não sofri a insídia esperada  resolvi, de embalo, fazer uma minha.

Perdida no cotidiano familiar das crônicas desse desconhecido, agora já muito conhecido....
Um rapaz, de bela aparência e desenvolta constituição física, se intromete em meus pensares perguntando sobre o que eu estava lendo. 
Ai! Esse magnetismo inexplicavelmente forte do dia...

Entabulamos uma conversa que não me empolga muito.
Ele acha q estou interessada, porque mecho nos meus cabelos. E eu mecho nos meus cabelos porque ainda estou com “leoa cansada” na cabeça.
Distraidamente, enquanto conversamos, desenho em um papel setas para baixo, e só percebo isso quando ele pergunta:
- Quando q você desenhara setas pra cima?
Penso, um pouco que deprimida, infelizmente acho q no meio dessa conversa, não subirão setas...

Então, em seu not, ele me mostra um trecho de um filme do Pequeno Príncipe.
- Nem sabia que tinha filme...
A cena é a clássica da Raposa que quer ser conquistada pelo menino.  
Desde que eu li um texto da Fernanda Young sobre esse momento do livro, só consigo pensar q essa Raposa é mesmo muito carente.
Não tenho animo pra elaborar nenhum comentário inteligente depois da cena, o q desanima um bocado o rapaz raposa que queria ser conquistado.
E então ele parte.
Resolvo partir também aproveitando o período entre - chuvas.

Caminho pela Paulista em direção a 13, umas gotas caem do céu, mas tenho preguiça de segurar o guarda-chuva, sinto me cansada, mas animada ao mesmo tempo. O ar da noite sempre me inspira.



Chego no chique condomínio em q dou aula. Passo o primeiro portão, tenho q assinar o meu nome em papel com um segurança porteiro.
- Libera o s2. - Ele fala com alguém em seu radinho.
 Passo o segundo portão, fico presa por uns instantes.
- Libera o s3 - Repete.

Adentro então na fortaleza condomínio, tem uma bela área de lazer bem arborizada cheia de bancos, nunca vi ninguém por lá, nunca vi crianças brincando no parquinho e nem na quadra.

Troco de roupa. Esta cedo, voltou a chover.
Resolvo passar na academia, e vou direto pra área da musculação, reduto masculino.
Não tenho muito assunto, então resolvo pedir alguns exercícios para o tríceps. O professor se empolga e acho q passa todos q ele conhece.
Fico por lá dividindo os aparelhos com os outros caras, q se revelam tão fofoqueiros qt as mulheres.
Falo sobre o meu músculo abdominal chamado panceps e arranco boas risadas.
Ai! Esse magnetismo inexplicavelmente forte do dia...
E então eles começam a falar  do cara que engordou, do outro q não limpa os equipamentos, do moleque que não agüenta o peso...
Falam de tudo, só não falam daquela menina deitada no aparelho pros glúteos, com um tope decotado mostrando um belo e curvilíneo colo, o que faz com que por alguns instantes eles se lembrem porque passam dias e dias dentro de uma academia cheia de homens e um tanto qt fedida. Mas é porque eu ainda não estou naturalizada em seu meio.
Faço os exercícios e me despeço para a minha aula.
- Quero ver esse tríceps rasgando ein?! – diz o professor
Agora já tenho assunto com eles.

Chego na minha sala, não veio aluno nenhum. Meu chefe aparece e me pega de papo com a professora de pilates.
- Estou preocupado – ele diz. – O que falta pra sua aula encher?
Tenho total confiança na qualidade do meu trabalho, e conhecimento na qualidade de meus alunos, então faço aquela cara serena serena e respondo sem pestanejar:

- Falta só, depois de um dia intenso de trabalho, temporal, trânsitos e alagamentos em mais da metade da cidade, o aluno querer sair de seu apartamento de baixo de chuva e vir aprender a respirar.



Imagem: 1,2 D. Xavier 3 Sati K.

o tempo...

Ola amigos que frequentam por aqui.
Aviso que terei que me afastar por uns tempos...
Uns deveres e compromissos assumidos há anos atras esta em sua fase final.
Preciso agora de dedicação exclusiva para esse término.
Voltarei muito mais livre!
Até breve

Teto de vidro



Encontro com ti. Desenvolvo um sorriso surpreso, uma alegria de saudades.
Encontro-te, mas não sei se me encontras.
Trocamos palavras ao vento. Na minha ânsia, cavo buracos querendo deixar profunda a aleatoriedade do acaso.
Que menina sou! Perco-me sozinha, viro-me aflita pros lados e só vejo terra.
De seu lugar despejas granitos ao léu, e me colocas um teto de vidro para experimentar as asperezas das pedras tlink tlink tlik ... Uma a uma em meio a silêncios longínquos,  batendo e arranhando, caindo caindo...Observo as ranhuras se formando, vou me deixando trincando. Onde estará agora o meu sorriso, onde estará a alegria das saudades?

 Imagem: Philipe Pithon




Quimeras


Hoje você veio me despertar em sonho. Veio você, na verdade, me espetar. Chegou assim mancinho do meu lado enquanto eu dormia... e com esse seu jeito displicente de chegar chegando, me arrematando com o seu sorriso largo e profundo, me perguntou sincero, me perguntou como menino. Perguntou-me remetendo-se ao passado, e se preocupando com o futuro. (a lua esta em eixo câncer –capricórnio).
Eu ali, enlevada com a sua presença e sinceridade desmedida, te joguei lá em cima em seus sonhos, te fiz crer e me fiz crer que perdoei. Poderosa eu estava em minhas palavras em benevolentes quimeras, apesar de dormir com uma camiseta velha e furada.
Você quis ficar se protegendo em meus abraços, como tantas vezes era só o que eu queria de você... Mas eu te desenlacei e te mandei viver a vida.
Acordei te dizendo, vai vai vai... Continuo me dizendo vai vai vai, deixa-o ir de vez...

Imagem : Andrea Sheuman

Constatação barata

Insônia.
Noite quente. Remexo-me na cama de um lado ao outro, experimentando a solidão de não topar com ninguém a se queixar de minhas constantes viradas. Movimentos livres e a angustia do meu corpo deserto dividindo dois travesseiros.
Revirando-me em meio a suores provocados apenas pela temperatura ambiente, percebo um movimento á meia luz .
Observo uma temida e nojenta barata caminhando precipitante pelo chão de meu quarto. Com um longo suspiro quase que tento apenas ignorá-la, virando ao lado.
Mas o asco de imaginá-la percorrendo o meu corpo enquanto durmo, me fez pular prontamente. Encarando a barata que juntamente trazia, esfregando em minha cara, a constatação dessa empreitada solitária na noite.
Serzinho marrom, com suas asquerosas asinhas transparentes e anteninhas trepidantes.
Nem aqueles costumeiros gritos de asco e pavor quiseram se fazer presentes, como atores que se frustram com a casa vazia em dia de espetáculo, os sons não se deram ao trabalho de escorrer pela garganta e jorrar pela boca.
A aniquilação da barata foi rápida e silenciosa, como quando se quer evitar um assunto constrangedor, logo inventamos uma historia mais atraente e distraível.
Mas em noites como essa, os sentimentos estão aflorados de mais para assim serem embromados. E logo o corpo, com o seu pijaminha um tanto quanto sexy por causa do calor, volta-se a se por em debate com os dois travesseiros.

Imagem: Francesca Woodman
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