Estávamos em um bar escuro, copos abandonados na mesa denunciando os amigos que vieram e foram, e um garçom preguiçoso.
Entre perversões e lamentações este, que sentado ao meu lado, me olha de frente com um sorriso malandro e professa:
- Você tem o coração mais vagabundo que eu já pude conhecer um dia em toda a minha vida!
A princípio me senti ofendida, por afirmação tão determinante de um ser que, no melhor estilo Henri Miller passeia de puteiros a festas de elites, sempre com o seu ar observador e seu corpo devorador.
Mas como eu já tinha idade suficiente pra entender sobre isso, me deixei analisar e assim assumi. Meu coração vagabundo quer guardar o mundo em mim.
Esse coração vagabundo que passeia pelas esquinas, suspira nas noitadas e de pernadas em pernadas se deixa bater por ai. Sem medo de se sujar vagueia, vadio parando onde lhe dão atenção.
Um dia trombou com o Coração sem Pudor, fácil de mais, e com ele aprendeu palavras sórdidas. Serviu de pasto em sua mesa derretendo de vez o que restava de sua inocência.
Escorregando insolente pelos meios fios, bateu na porta do Coração Proibido que o envolveu em seus braços serenos. Mas logo se cansou do que não é mais novidade. E por ai continuou batendo toda sua boêmia.
Até que um dia por puro desaviso, deu de bater junto com o Coração Leviano. Ele usando de todos os seus sambas mostrou que Pra se ganhar no amor, Há que penar no amor... Há que apanhar. E sangrar. E suar Como um trabalhador.
O vagabundo tinha preguiça, mas o leviano tinha malicia.
Oh! Minha romântica senhora, tentação. Não deixes que eu venha sucumbir nesse vendaval de paixão. Jamais pensei em minha vida Sentir tamanha emoção.
Assim foi o leviano ensinava pro vagabundo, que então só suspirava. Ame Seja como for. Sem medo de sofrer.
De poema em poema o vagabundo amoleceu, cedeu, aceitou. E um dia pois se a cantar. Eu vivia isolado no mundo quando era vagabundo sem ter um amor. Hoje em dia eu me regenerei...
De poema em poema o vagabundo amoleceu, cedeu, aceitou. E um dia pois se a cantar. Eu vivia isolado no mundo quando era vagabundo sem ter um amor. Hoje em dia eu me regenerei...
Amor é assim, faz tudo mudar É só alegria, tristeza não tem lugar.
Mas pobre do vagabundo se engraçar com o leviano que se usava de poesias que não eram suas, e na sua inconstância partiu sem dizer adeus.
Ah coração teu engano foi esperar por um bem De um coração leviano que nunca será de ninguém.
O coração vagabundo se perdeu, Ah coração leviano não sabe o que fez do meu.
Seu pulsar só batia lamentos O amor, eu bem sei. Já provei. E é um veneno medonho. Rastejava em sofrimento Teu amor de sentimento, Quantos tormentos eu passei.
Mas enfim o tempo o acolheu, Saiu por ai a procurar sorrir pra não chorar. E um dia voltou a perambular assoviando tristeza tudo tem o seu tempo e o seu já terminou. Deixou-se errar novamente Bate outra vez com esperanças o meu coração pois já vai terminando o verão.
Mas passou a andar com canivete no bolso, e chegou a furar sem dó, dois ou três corações desprevenidos Evite Meu Amor .Recuse os braços meus.
Mas vagabundo é vagabundo e até o canivete voltou a esquecer. De choro em samba passeou por ai dançando pulsando. Alvorada lá no morro, que beleza. Ninguém chora, não há tristeza.Ninguém sente dissabor.
Deixou-se embalar por outros ritmos, desencanou das esquinas. E hoje já bate faceiro pra quem se dispor a alimentá-lo.
Dádiva de amor nunca se avisa. Simplesmente dá de mão beijada. Chega de repente, vem do nada. E tudo se transforma em alegria.
Caetano, Chico, Cartola, Paulinho.
Percebi, este foi meu post 51, uma boa idéia! rsrs bem qd estava inspirada de volta em meu mundo beat.
ResponderExcluirMe lembrou do meu sobrado 13 51. e logo depois do outro sobrado 13 69.
aahhh marilia...
casa 13?? rs
ResponderExcluirah, coração... adorei seu blog!!!
bjs
HHHHum gostei muito! e o coração dilacerado? não tens? ...rs beijo saudade.
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