Eram cinco...

Eram cinco, e estavam postos na lateral do palco como que numa pose para um filme, estavam sobre efeitos de algo e ficaram um tanto quanto inertes na coxia, dando nos oportunidade de captar a cena. na frente o vocalista com uma blusa justa, listrada preto e branco tinha ainda um lenço vermelho amarrado no pescoço, com os cabelos platinados caindo sobre a testa, ao lado o guitarrista também de branco e preto com um chapéu meio torto, o baixista um pouco mais alto levava um sobretudo justo sobre uma camisa branca, o baterista tinha o ar um pouco mais desleixado mas compunha o visual monocromático dos integrantes, como se fosse muito tímido para usar de acessórios ou desincanado ao ponto de deixar que a banda insista em seu modo de vestir... Estariam todos formando uma pose simétrica como para uma capa de cd, não fosse o cara do teclado ao lado esquerdo, que parecia ter sido encaixado de ultima hora, de camiseta branca e calça jeans seu cabelo não respeitava o corte retrô da banda e não se via o seu rosto como de todos os outros.


Ela chegou a banda tinha acabado de entrar no palco, um leve e compassado som do chimbal acompanhava as notas mais agudas do teclado de modo que um ouvido destraído pudesse pensar ser um instrumento de sopro, depois a guitarra e enfim o baixo. Atraída pelo som foi como que fisgada em um espiral a melodia dançava em seu corpo as notas eram sentidas na pele, inebriante. Outra espiral a atraia a virar o rosto, era um cheiro familiar, trazia ao mesmo tempo um sabor agradável e de desconforto. Ficou assim alucinada no meio da pista - luzes coloridas apareciam em meio ao escuro e fumaça, deixou fluir as sensações, parecia tudo tão intenso e pleno que em algum momento, que parecia ser de lucidez ,ela se perguntava se estava mesmo ali.


- Não, esta consumação está errada. Eu não consumi tudo isso, eu não vou pagar! Nem tenho como... Não esta vendo?! Se acha que eu não taria vomitando, caida no chão se de fato tivesse consumido tudo isso?

Ela falava um tanto quanto aturdida, um tanto quanto decepcionada.

- Por favor, queira falar com o Dono.

Disse Barb,( seu apelido de outrora era barba mas como hj as pessoas acham que mais é diminuir ficou barb,,,,,,) o homem do caixa passando um pesado e antigo fone preto.

- Mas pelo telefone?

Disse desapontada, sabendo que teria muito mais chances se falasse ao vivo, sempre se dera bem com caras e bocas.

- A Sra se recusa a pagar nossos serviços?

Era uma voz seca.

- Não é bem isso moço, com quem eu falo?

Ela tentava ganhar tempo, reconhecer a voz, tratava-se de um pessoa mais velha, ou de sua idade, seria do tipo cinquentão playboy, ou jovem empreendedor? Precisava destas informações para poder formular seus argumentos.

- Você dormiu na rua. -Disse a voz com rispidez imediata- E agora vem aqui toda arrumada querer tirar proveito de meu bar, você acha que pode passar de extremos com esta velocidade de forma impune ? Nada te ocorre de uma porta a outra? Você não sente o significado das coisas que se passaram? Imagino que pra você o significado é bastar viver o momento, apenas sentir o resto é reflexões.

Ela ficou muda, atônita sem lhe dar tempo de pensar, ele grita fazendo-a experimentar um tremor.

-Até quando acha que pode ficar vivendo de momentos ignorando as conseqüências de tal em seu corpo? Na sua mente?

Do outro lado da linha o moço ria. E continuou com tom sério.

- Você pode imaginar o que é se arriscar? Eu coloquei na primeira cena 5 jovens se drogando, eles formavam uma harmônica relação com o som a droga e seus figurinos, seus rostos resplandeciam ilusão, desapego, tranqüilidade e ansiedade. foi esta cena. eu demorei 3 anos para deixa-la completa, perfeita, o desalinho do cabelo com a lista das roupas, o seus rostos e expressões, sua estaticidade. E, um pequeno desequilibro, a esquerda, para harmonizar a imagem.

- Como?

- poisé, e não fosse o conto de Ducham eu não estaria tão fudido agora! As pessoas não compreendem, eu compreendi. Mas quem é o dono do dinheiro não pode compreender nada. – falou como se sentencia.

Ele citou uma longa e confusa passagem, que para ela, mesmo sem entender direito, soou muito significativa. Enquanto ele falava suas amigas a cutucavam e mexiam com ela querendo saber o que se passavam, ela só queria se concentrar pra tentar absorver o que ouvia.

- ..... o ‘Gigante de Bouscat’, que muito diferente do que escrever coelho, eu compreendi isso, eles não compreenderam e o forçaram a colocar ‘coelho’ então ele se matou levando consigo uma das maiores obras da humanidade. Só restou este trecho.

Ela pensava: Cara que profundo que tenso, quem é esta pessoa com quem estou falando agora??

- por favor me passe o telefone para Barb.


Ela passou de forma automática surpreendida, perdida...

- Sra, esta tudo certo pode sair.

- Não!! -O grito saiu sozinho.

Olhares repreensivos.

- Quem é ele?? eu quero vê-lo, quero conhece- lo!! por favor...

- Sinto muito Sra. Queira se retirar.


Eu estava ali? Isto aconteceu de fato?

Não venha aqui gato que vou queimar seus bigodes

Um comentário:

faça o que tu queres! agradeço a interação

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