Percebeu quando ouvia um som agudo e um tanto assustador, foi então que deu por si estava no meio da rua em uma avenida movimentada “ o que estou fazendo”, tentando se recobrar chegou ao outro lado da rua, suas mãos tremiam. “mas o que é isso”, em baixo de suas unhas compridas tinha algo que se parecia com sangue seco "preciso ser mais cuidadosa” enquanto caminhava tentando se manter em um caminho reto, começou a enfiar a mão na boca e a devorar as unhas, mas logo sentiu aquele sangue seco e começou a cuspir, olhou para as mãos elas estavam machucadas e avermelhadas. Estava um dia frio como a muitos os dias se repetiam, então para esconder o sangue enfiou a mão no bolso da blusa de moletom, se repeliu ao sentir uma coisa afiada. Sentiu se tonta o suor escorria de sua nuca, suas costas estavam encharcadas mas não se atreveu a tirar a blusa “ e se este molhado que estou sentindo for sangue”. Precisava parar, sentar um pouco tentar lembrar do que aconteceu, olhava em volta tinha os carros que não paravam de passar um atrás do outro um após o outro com seus barulhos e velocidades ameaçadoras, olhou as pessoas que como as maquinas da rua só passavam na calçada, não tinha um lugar para sentar não tinha como parar, continuo andando tentando pensar em alguma coisa, mas assim como as suas pernas sua mente também parecia não lhe obedecer.
Então o que achou? Ele perguntava de um modo um pouco entediado como se soubesse que esta era mais uma grande obra e só queria ouvir os elogios. Ela ludibriada pelo infeliz estagio da paixão correspondia a sua expectativa e se derretia em esmeros.
Espelhos espelhos os espelhos foram todos quebrados um a um um a um...
Febrilmente lhe vinham estas imagens e então os gritos os choros os barulhos um a um foram se deixando quebrar os espelhos, e ele sorria e ela aceitava.
As crianças onde estão? Não sei.- ele respondia, como se estas não lhe diziam respeito e voltava concentrado para mais uma grande obra. Estavam no quarto aquela cena típica uma com o nariz escorrido ranho seco grudado no rosto esquecido, outra descabelada com a boca suja.
Aquele dia estavam deitados um de frente para o outro olhos nos olhos mãos nas mãos, nada mais importava só que estavam ali e tinham um ao outro decidiram que eram felizes.
Caminhava já não sabia a quanto, sua aparência tinha se camuflado na rua cinzenta, era bom até esta aparência desbotada, bastava ela parar na frente de algum estabelecimento e balbuciar algumas coisas que quando não era enxotada ou completamente ignorada, lhe vinha um pouco de qualquer coisa que a mantinha em pé para continuar andando rastejando, ignorando e sendo ignorada.
As dores de cabeça que a tanto lhe atormentavam, agora nem elas mais faziam sentido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
faça o que tu queres! agradeço a interação